segunda-feira, 3 de maio de 2010

AGONIA EM DESPERTAR

Acordei como sempre: cansada, desmotivada, triste com a vida que levo. Sem perspectivas, sem ânimo para fazer quase nada. Fiquei algum tempo de olhos fechados, imaginando algo que pudesse dar uma definição aquele novo e repetitivo despertar. Talvez em algum lugar da minha mente, ainda meio adormecida, houvesse uma resposta ao meu grito de socorro sufocado na garganta.

Pensei em muitas coisas no que poderia fazer. Uma delas seria sair e percorrer a passarela que acabara de ser construída e arborizada, em passos rápidos, para começar cumprir a rotina de exercícios diários. Sim, poderia fazer isso, mas seria algo enfadonho, já que não mais teria objetivo a vida. Sinto-me desmotivada. De que adianta, fazer exercícios para o coração se o mal maior que me atormenta é , justamente, a angústia que sinto no peito e que me deixa perenemente em estado de quase prostração?

Após mais alguns minutos, lentamente abri os olhos e olhei á minha volta. Lá estava eu, deitada em minha cama, cercada, móveis e paredes brancas, muito brancas, e uma sensação de um enorme vazio no peito que chegava a doer.


Minha mente divagou mais um pouco, até que o ruído estridente do despertador - sempre acordo antes dele, fez com que eu despertasse de vez para a realidade à minha espreita lá fora.Cheguei a sentir-me irritada com aquele ruído, mas ele já faz parte de da minha rotina. Sempre há um som qualquer que me tira de meus pensamentos mais profundos. De que adiantaria aborrecer-me com isso? Só serviria, para trazer aquela odiosa ansiedade que eu procurava evitar a todo custo.

Coloquei a primeira perna fora da cama e, por uma fração de segundos, quase a recolhi novamente num ímpeto de lá permanecer por mais algum tempo; talvez, se pudesse, para sempre! Mas foi apenas um reflexo momentâneo. Logo me vi a caminho do banheiro de onde, após a higiene matinal, dirigir-me para o desjejum quase que automaticamente, com passos cadenciados como se em rumo fosse para a sala de execuções de uma penitenciaria.

A primeira fase daquele dia interminável estava apenas começando, e eu sabia muito bem que ela seria a reedição dos últimos anos de minha vida, monótona e sem sentido, como uma condenação eterna por um erro de avaliação praticado em algum momento de minha longa e conflitante existência. Não que tivesse feito a escolha errada do companheiro, mas, sim, do seu “modus vivend”.
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Sinto bem lá no fundo que não nasci para o amor. Apesar de sempre ter tido o desejo de estar ao lado de alguém, de ser amiga, amante, companheira, cúmplice, esposa... Enfim, qualidades que toda mulher apaixonada possui e sonha em dividir com alguém. Mas nunca tive a sorte de fixar-me num relacionamento de contos de fada, qual se diria “felizes para sempre.

No entanto, e apesar desses pensamentos inconciliáveis que fazia questionar-me constantemente, decidi que não poderia mais me deixar vencer pela melancolia que me consume aos pouquinhos, tirando toda a minha vontade de viver. Afinal, muitas outras pessoas podem estar enfrentando os mesmos problemas que eu. Não sou certamente o único ser vivo a carregar tamanha carga emocional. Tenho que reagir e fazer com que eu possa retomar o caminho perdido, para que a vontade de viver seja encontrada em algum trecho já anteriormente por mim percorrido.

A resposta está dentro de mim mesma. É apenas uma questão de deixar-me guiar pelos instintos naturais que, certamente, me levará no rumo certo de uma nova vida, possibilitando que a paz perdida retorne ao meu ser, dando-me uma nova disposição para o enfrentamento dos novos desafios para poder voltar a ser feliz novamente.

Então, ergui o rosto com altivez, deixei surgir um sorriso quase que desafiador, como o combustível essencial para que eu pudesse dar o primeiro passo rumo a mais um desafiante e enigmático amanhecer. Só que, agora, seria com redobradas esperanças de encontrar respostas que poderá libertar-me de todo esse estado de desânimo, permitindo assim que o meu alvorecer, de agora em diante, seja mais promissor, restituindo-me a confiança perdida desde o dia em que decidi deixa-lo, para todo sempre

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