segunda-feira, 3 de maio de 2010

DOMINGO INSANO

Às vezes, nesses dias de domingo, dá uma vontade tremenda de dar um tiro no sol pra ver se ele se recolhe mais cedo e me deixa dormir minha ansiedade. Não que eu queira que chegue logo a segunda-feira, isso é pior ainda...
O que me irrita é um dia inteiro de marasmo, e na TV a mesma novela, nada muda, e, eu mudando do sofá para a cama e vice-versa. Pego um livro pra ler, mas não entendo o que tá escrito, parece ser grego ou outro idioma desconhecido, as palavras dançam como que rindo da minha agonia dominical.
Fecho depressa o livro e prendo todos lá dentro, letras, frases, pontos e tudo o mais. E rio deles, agora sou eu quem dá risadas.
Claro que sempre tenho o que fazer, mas nada que eu queira, arrumar as gavetas, lavar a louça que tá na pia desde a manhã, tirar as roupas da máquina, segunda tenho que lavar tudo de novo, fazer o quê! E lá vou eu tentando sobreviver ao domingo, os vizinhos enfiados em seus próprios sentimentos, talvez iguais aos meus, ou quem sabe pior, acho até que me consola um pouco, é eu sei que não é bonito esse pensar, mas sou humana e tenho direito a um pouco de perversidade, afinal há tanta por aí...
Tá certo não é desculpa, prometo que vou mudar, mas não hoje.
Acendo o fogo, ponho água pra esquentar, preparo um café bem forte, despejo fumegante na xícara, o aroma invade minhas narinas, cheiro bom, duas colherinhas de açúcar e uma caixa de bombons, sorvo cada gole, saboreio lentamente o doce sabor, tudo muito lentamente.
O danado do relógio parece não cooperar comigo, os minutos são horas torturantes, um sorriso malicioso se forma nos ponteiros, fica me olhando e sorrindo, tique-taque, tique-taque...
Volto pra sala, sento no sofá, pego de novo o livro que estava tentando ler, mas é só segurá-lo que já escuto uns pequenos grunhidos satíricos, ainda continuam a rir lá dentro, como podem achar tanta graça assim, e justo num domingo, viro o livro de cabeça pra baixo só de vingança e o deixo ali, de castigo, no sofá.
Só me resta agora tomar um banho, ligo o chuveiro, a água quente cai generosa, tilinta quando cai no piso, vai embaçando todo o banheiro um cheiro bom, perfumado, vai invadindo a pele e sensações pairam no ar...
A noite finalmente chega pra adormecer meu sono, me embalar em sonhos e me lembrar que amanhã é segunda-feira, e que só faltam sete dias pro domingo chegar outra vez.
E começar tudo de novo.

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