quarta-feira, 2 de junho de 2010


SE PERMITA!


Se permita a escrever, deixa eu te ler, deixe-se ler, deixe-me ler nas entrelinhas as tuas histórias, estórias, abra a porta que me levará a você.
Se permita se mostrar, revele-se a mim pelo olho mágico, deixe-me vê-la... ver os teus traços, o teu jeito, tua boca, tua face, teu corpo...
Se permita a contar... conte-me teus segredos mais íntimos, teus sonhos, teus desejos mais ocultos.
Se permita se olhar, me olhar, deixe-me ver nos seus olhos, o que mais ninguém consegue enxergar, nem mesmo você.
Deixe-se visitar...deixe a minha presença inusitada, invadir o teu espaço, espaço que não é seu e não é meu...
Por favor, deixa eu te ver!
Na tarde linda, única, olhe pro lado, dentre muitos na multidão, eu te vi, olhe pra mim e veja além do que os olhos podem ver...
Confie em mim, não vou te fazer nenhuma mal...
Deixe-se tocar, deixa eu sentir nas tuas mãos tremulas , a ternura nunca antes sentida e ler nas suas linhas os teus mais singelos desejos...
Deixe-se guiar... deixe eu te conduzir entre todos e te mostrar a saída, deixa eu te conduzir pelas ruas, praças,prédios, avenidas, deixa eu te mostrar o mar e todo o seu encantamento...
Se permita beijar, deixa eu tocar os seus lábios com os meus, deixe-me matar a minha sede e descobrir todos os seus segredos...
Me permita te mostrar a Lua, de um ângulo nunca visto, a lua cheia, lua dos amantes, lua dos casais enamorados, deixe que a sua beleza infinita ilumine o teu ser, ilumine o meu ser...
Me permita, se permita, se permita, se permita... ter ao menos alguns minutos para sentir-se viva, sentir-se desejada, sentir-se tocada de um jeito que é só meu e que agora nesse momento é só seu...
Vamos! Se permita! Deixa eu te mostrar e te dar motivos, para me querer, me ter, não se arrepender e VIVER!

segunda-feira, 3 de maio de 2010


FRÁGIL AMOR...

Para Aquiles tinha o calcanhar.
Para Sansão tinha o cabelo.
Para o Super-Homem a criptonita

Para cada grande força uma fragilidade. Sim fragilidade, não fraqueza. Aquiles por amor teve o calcanhar atingindo, Sansão por amor perdeu os cabelos e a força e a maior criptonita do Super-Homem é na verdade a Lois Lane.

Seria o amor a fragilidade dos seres? Ou sua fortaleza?

O Criador de todas as coisas entregou o filho por amor, e por amor tudo se fez e se refaz. Mas o amor nos fragiliza, nos afina, e refina os toques e sentidos, assim como fortalece os músculos dos lábios nos beijos e dos braços nos abraços.

Enquanto tudo é tão caótico a amor é a lógica do ilógico que todos procuram.

A fragilidade de todos os seres é de ser o que são, e todos são criados para o amor.O amar é a fortaleza que excede qualquer peito, qualquer numero, exercito, raça, distancia ou desilusão, é a fragilidade forte que nos torna melhores. Homens homens, sem se sentir semi-deuses.

Se meu amor fosse um abismo, meu mergulho seria de olhos e braços abertos, para o fagil fim das fortalezas em mim, para o nascer do ser fragil e forte de certo com riso largo e peito aberto.

AGONIA EM DESPERTAR

Acordei como sempre: cansada, desmotivada, triste com a vida que levo. Sem perspectivas, sem ânimo para fazer quase nada. Fiquei algum tempo de olhos fechados, imaginando algo que pudesse dar uma definição aquele novo e repetitivo despertar. Talvez em algum lugar da minha mente, ainda meio adormecida, houvesse uma resposta ao meu grito de socorro sufocado na garganta.

Pensei em muitas coisas no que poderia fazer. Uma delas seria sair e percorrer a passarela que acabara de ser construída e arborizada, em passos rápidos, para começar cumprir a rotina de exercícios diários. Sim, poderia fazer isso, mas seria algo enfadonho, já que não mais teria objetivo a vida. Sinto-me desmotivada. De que adianta, fazer exercícios para o coração se o mal maior que me atormenta é , justamente, a angústia que sinto no peito e que me deixa perenemente em estado de quase prostração?

Após mais alguns minutos, lentamente abri os olhos e olhei á minha volta. Lá estava eu, deitada em minha cama, cercada, móveis e paredes brancas, muito brancas, e uma sensação de um enorme vazio no peito que chegava a doer.


Minha mente divagou mais um pouco, até que o ruído estridente do despertador - sempre acordo antes dele, fez com que eu despertasse de vez para a realidade à minha espreita lá fora.Cheguei a sentir-me irritada com aquele ruído, mas ele já faz parte de da minha rotina. Sempre há um som qualquer que me tira de meus pensamentos mais profundos. De que adiantaria aborrecer-me com isso? Só serviria, para trazer aquela odiosa ansiedade que eu procurava evitar a todo custo.

Coloquei a primeira perna fora da cama e, por uma fração de segundos, quase a recolhi novamente num ímpeto de lá permanecer por mais algum tempo; talvez, se pudesse, para sempre! Mas foi apenas um reflexo momentâneo. Logo me vi a caminho do banheiro de onde, após a higiene matinal, dirigir-me para o desjejum quase que automaticamente, com passos cadenciados como se em rumo fosse para a sala de execuções de uma penitenciaria.

A primeira fase daquele dia interminável estava apenas começando, e eu sabia muito bem que ela seria a reedição dos últimos anos de minha vida, monótona e sem sentido, como uma condenação eterna por um erro de avaliação praticado em algum momento de minha longa e conflitante existência. Não que tivesse feito a escolha errada do companheiro, mas, sim, do seu “modus vivend”.
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Sinto bem lá no fundo que não nasci para o amor. Apesar de sempre ter tido o desejo de estar ao lado de alguém, de ser amiga, amante, companheira, cúmplice, esposa... Enfim, qualidades que toda mulher apaixonada possui e sonha em dividir com alguém. Mas nunca tive a sorte de fixar-me num relacionamento de contos de fada, qual se diria “felizes para sempre.

No entanto, e apesar desses pensamentos inconciliáveis que fazia questionar-me constantemente, decidi que não poderia mais me deixar vencer pela melancolia que me consume aos pouquinhos, tirando toda a minha vontade de viver. Afinal, muitas outras pessoas podem estar enfrentando os mesmos problemas que eu. Não sou certamente o único ser vivo a carregar tamanha carga emocional. Tenho que reagir e fazer com que eu possa retomar o caminho perdido, para que a vontade de viver seja encontrada em algum trecho já anteriormente por mim percorrido.

A resposta está dentro de mim mesma. É apenas uma questão de deixar-me guiar pelos instintos naturais que, certamente, me levará no rumo certo de uma nova vida, possibilitando que a paz perdida retorne ao meu ser, dando-me uma nova disposição para o enfrentamento dos novos desafios para poder voltar a ser feliz novamente.

Então, ergui o rosto com altivez, deixei surgir um sorriso quase que desafiador, como o combustível essencial para que eu pudesse dar o primeiro passo rumo a mais um desafiante e enigmático amanhecer. Só que, agora, seria com redobradas esperanças de encontrar respostas que poderá libertar-me de todo esse estado de desânimo, permitindo assim que o meu alvorecer, de agora em diante, seja mais promissor, restituindo-me a confiança perdida desde o dia em que decidi deixa-lo, para todo sempre

DOMINGO INSANO

Às vezes, nesses dias de domingo, dá uma vontade tremenda de dar um tiro no sol pra ver se ele se recolhe mais cedo e me deixa dormir minha ansiedade. Não que eu queira que chegue logo a segunda-feira, isso é pior ainda...
O que me irrita é um dia inteiro de marasmo, e na TV a mesma novela, nada muda, e, eu mudando do sofá para a cama e vice-versa. Pego um livro pra ler, mas não entendo o que tá escrito, parece ser grego ou outro idioma desconhecido, as palavras dançam como que rindo da minha agonia dominical.
Fecho depressa o livro e prendo todos lá dentro, letras, frases, pontos e tudo o mais. E rio deles, agora sou eu quem dá risadas.
Claro que sempre tenho o que fazer, mas nada que eu queira, arrumar as gavetas, lavar a louça que tá na pia desde a manhã, tirar as roupas da máquina, segunda tenho que lavar tudo de novo, fazer o quê! E lá vou eu tentando sobreviver ao domingo, os vizinhos enfiados em seus próprios sentimentos, talvez iguais aos meus, ou quem sabe pior, acho até que me consola um pouco, é eu sei que não é bonito esse pensar, mas sou humana e tenho direito a um pouco de perversidade, afinal há tanta por aí...
Tá certo não é desculpa, prometo que vou mudar, mas não hoje.
Acendo o fogo, ponho água pra esquentar, preparo um café bem forte, despejo fumegante na xícara, o aroma invade minhas narinas, cheiro bom, duas colherinhas de açúcar e uma caixa de bombons, sorvo cada gole, saboreio lentamente o doce sabor, tudo muito lentamente.
O danado do relógio parece não cooperar comigo, os minutos são horas torturantes, um sorriso malicioso se forma nos ponteiros, fica me olhando e sorrindo, tique-taque, tique-taque...
Volto pra sala, sento no sofá, pego de novo o livro que estava tentando ler, mas é só segurá-lo que já escuto uns pequenos grunhidos satíricos, ainda continuam a rir lá dentro, como podem achar tanta graça assim, e justo num domingo, viro o livro de cabeça pra baixo só de vingança e o deixo ali, de castigo, no sofá.
Só me resta agora tomar um banho, ligo o chuveiro, a água quente cai generosa, tilinta quando cai no piso, vai embaçando todo o banheiro um cheiro bom, perfumado, vai invadindo a pele e sensações pairam no ar...
A noite finalmente chega pra adormecer meu sono, me embalar em sonhos e me lembrar que amanhã é segunda-feira, e que só faltam sete dias pro domingo chegar outra vez.
E começar tudo de novo.